A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o pregão desta sexta-feira (30), último do mês e do trimestre, em queda de praticamente 2%, puxada pela crise da dívida soberana na Europa e pelas incertezas sobre o crescimento econômico global.O Ibovespa caiu 1,99%, aos 52.324 pontos.
O volume financeiro foi de R$ 6,43 bilhões.
Com isso, o principal indicador do mercado acionário brasileiro fechou setembro com queda de 7,38%.
No ano, a desvalorização atinge 24,5%.
De julho a setembro, a desvalorização do Ibovespa foi de 16,15%. É o pior desempenho trimestral desde o final de 2008, quando o mercado ressentia a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.
No exterior não foi diferente. Os principais índices acionários de Nova York e na Europa também amargaram no trimestre as piores perdas em três anos.
Depois de cair nos seis últimos meses, o mercado local pode subir em outubro e até dezembro, avaliam profissionais. A cautela, contudo, ainda é palavra de ordem.
"Esse último trimestre deve ser mais positivo para a bolsa. Os governos e os bancos centrais do mundo vão ter que agir mais do que fizeram até agora, e o mercado pode melhorar", afirmou o diretor da Ativa Corretora, Álvaro Bandeira.
O estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, acredita que boas notícias devem vir da Europa em outubro, aliviando o comportamento das bolsas.
"A expectativa é de que a Grécia receba parcela de empréstimo e que as autoridades consigam avançar em um acordo para blindar os bancos europeus.'
Rostagno considerou que a bolsa brasileira já está muito descontada e que só com um "evento catastrófico, como a quebra de um banco", o Ibovespa cairia abaixo dos 50 mil pontos.
Ainda assim, há quem esteja mais pessimista e não descarte um novo mês de queda na Bovespa, como é o caso da chefe de gestão de fortunas da Mirae Securities, Luciana Pazos.
"É difícil trabalhar com um cenário de recuperação. É preciso medidas mais concretas (para evitar a recessão), principalmente na Europa", afirmou. "Não descartamos uma nova queda e trabalhamos com um cenário mais negativo que positivo."
Além da Europa, Luciana lembra que a situação econômica nos Estados Unidos preocupa, principalmente o mercado de trabalho e a alta taxa de desemprego, que afetam o consumo local, o principal "motor" da economia norte-americana.
No lado positivo, Luciana destaca a expectativa de redução do juro no Brasil. "Se não houver quebra da Grécia ou de algum banco e passarmos por outubro e novembro com queda de juros no Brasil, a bolsa brasileira pode melhorar", opinou.
Nesta sexta, entre as ações do Ibovespa, as maiores quedas ficaram com os setores de consumo e construção.
A Hypermarcas teve o pior desempenho, desabando mais de 9%, a R$ 8,84, seguida por B2W, com baixa de 6,9%, a R$ 14,70, e por Gafisa, com perda de 6,77%, a R$ 5,37.
O Goldman Sachs reduziu seu preço-alvo para os papéis da B2W e outros do setor de consumo, por considerar que a desaceleração do crescimento da economia brasileira e a queda na confiança do consumidor indicam um consumo mais fraco no segundo semestre.
Entre as poucas altas da carteira teórica neste pregão, destaque para Marfrig , com valorização de 6,79%, a R$ 6,13.
A ação do frigorífico, porém, tem a maior queda acumulada dentro do Ibovespa, com perda de mais de 60%, em meio às preocupações com o endividamento da empresa.
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