segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Economia Politica: Entenda a diferença entre governo Lula e governo Dilma.

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Uma análise da política nacional e dos 12 anos governado no Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Herança? - Em seus oito anos de governo, o ex-presidente Lula cansava de dizer que herdara um pepino do seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.

Isto tornou-se quase um mote absorvido pelos seus companheiros e aliados de partido, mesmo aqueles que antes haviam participado do governo de oito anos do Tucano FHC.

Basta lembrar que Romero Jucá, aliado de Lula e agora de Dilma, era o líder no Senado do governo FHC. Mas o que poderia dizer a presidente Dilma do que recebeu de Lula? Herança? Considerando que os quatro ministros demitidos por ela em oito meses de mandato, todos vieram do governo Lula.

A estrutura montada é herança de Lula, que declarou recentemente, que via com orgulho a companheira Dilma fazer umoo00a limpeza no Ministério dos Transportes...considerando que fora ele que nomeou todos.

Lula x Dilma - Observadores mais atentos ao panorama político em Brasília e em torno da presidente Dilma fazem uma leitura simples. Interessa ao ex-presidente Lula que Dilma se saia bem no comando do Brasil? Ele que aparentemente nem desembarcou do cargo, pode não achar muito bom ver a criatura superando o criador.

Uma péssima administração de Dilma desgastaria o PT, não Lula, já que pela popularidade alta seria forte em 2014 em qualquer sigla da base que lhe deu sustentação. Como tem visibilidade própria, deixaria Dilma descascando os abacaxis.

Os primeiros 100 dias foram suficientes para provar que o governo de Dilma Rousseff tem diferenças relevantes em relação ao de seu antecessor.

As mais perceptíveis, na visão de alguns ministros são duas: uma econômica, com a proposta de uma nova interpretação na relação entre agentes públicos e privados; e outra diplomática, com sinalizações de rompimento com o perfil externo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu chanceler Celso Amorim.

No âmbito econômico, a guinada é tida principalmente por uma visão de Dilma que tende à maior atuação do governo para levar a um crescimento econômico mais sustentável e com maior desenvolvimento social.

Enquanto no governo Lula o foco das políticas de distribuição de renda estavam mais restritas ao pagamento de benefícios, como o Bolsa Família, agora a presidenta Dilma tem dito a assessores que as empresas também têm um papel relevante na distribuição de riqueza, inclusive as privadas.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a dizer, por exemplo, que a Vale deve contribuir mais com o “interesse nacional” e o “desenvolvimento do País”. Posição similar era defendida por Lula, mas foi Dilma que, de fato, atuou nesse sentido.

As discussões acerca da definição do novo presidente da Vale, por sinal, foram a principal evidência de que o governo de Dilma vai interferir mais em questões corporativas.

O nome de Murilo Ferreira para ocupar o lugar de Roger Agnelli foi incensado por Dilma e o próprio Ferreira já foi avisado de que, a partir de agora, a empresa terá de investir mais no País em processamento do minério de ferro, que hoje é fundamentalmente exportado.

Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda e economista muito próximo de Dilma, é expoente dessa visão mais nacionalista do papel das empresas na economia, principalmente as que exploram recursos naturais.

A interlocutores, ele já questionou o fato de empresas gigantes lucrativas e estáveis recusarem um papel mais ativo na economia brasileira.

Parte exatamente dessa visão a exigência de que a Vale invista em siderúrgicas ou de que as empresas agrícolas que venham a ser apoiadas pelo BNDES ofereçam uma contrapartida maior em termos sociais para o Brasil.

A mesma interpretação, de que a exploração de recursos naturais do País por grandes empresas deve compartilhar parte do ganho com a sociedade em geral, estabelece os critérios para exploração do petróleo no pré-sal, concebidos ainda no governo Lula.

A mudança do governo anterior para este está exatamente em essa visão de extrapolar para novos setores além do petróleo, que é e um mercado praticamente monopolizado por uma estatal, conta um representante do governo.

Essa discussão sobre a maior intervenção dos governos nas economias foi inflada nas últimas semanas, depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI), antes um libelo do pensamento neoliberal, passou a recomendar o uso de medidas de controle de capitais pelos países

Nova diplomacia

No campo diplomático, diversos fatores mostram uma mudança fundamental do governo Dilma, em direção a um perfil mais humanista.

O primeiro foi a condenação do apredrejamento da Sakineh Ashtiani pelo governo do Irã, ainda no período de transição para o novo governo – o que era evitado por Lula por afinidades bilaterais com aquele país. Essa avaliação particular culminou em uma votação do governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU a favor de uma investigação no país.

Lula procurava tratar o Irã e seu líder, Mahmoud Ahmadinejad, com pouca agressividade, evitando condenações mesmo quando o ditador evitou investigações da ONU sobre seu aparato nuclear.

Agora, Dilma, que foi torturada na ditadura brasileira, busca principalmente ratificar seu compromisso com os direitos humanos.

Outro sinal de alteração na política externa de Dilma em relação à de Lula pôde ser percebida na visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil no mês passado. Pela primeira vez, um presidente dos EUA visitou o Brasil antes de o inverso ocorrer.

Durante a visita, Dilma também não economizou nas declarações em favor de um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, mesmo com as esquivas de Obama em tratar do tema.

Forá enunciado que o assessor para assuntos internacionais da Presidência nos governos de Lula e Dilma, Marco Aurélio Garcia, assumiu que há diferenças na política externa entre os dois governos.

Segundo ele, Lula sempre teve mais ênfase nas questões sociais, enquanto que Dilma “manterá essa sensibilidade do governo anterior, mas quer enfatizar as questões ligadas ao seu passado de prisioneira política”.

Conclusão dos dois Governos (Lula x Dilma)

“A presidente conduz o País com firmeza e segurança. Cada vez mais vejo empresários que antes estavam hesitantes e agora a apoiam. Estamos otimistas.

Acho que ela deveria combater a inflação com estímulo ao aumento de produção para que uma oferta maior faça baixar o preço dos produtos. Aumentar os juros só onera a produção e atrai para o Brasil um capital nocivo e especulativo”.

“Lula é um presidente difícil de ser sucedido e acho que a Dilma Rousseff fez um bom trabalho até agora. O principal acerto do novo governo foi promover o aperto na política fiscal.

Minha preocupação é com o fato de o governo tentar forçar as grandes empresas a dirigir a atenção como o governo quer, e não como os acionistas querem. Não estou certo sobre as perspectivas para a sequência do mandato de Dilma, mas espero com ansiedade e grande interesse”.

Verifiquei que a Presidenta Dilma esta tentando entender o que está acontecendo para tentar fortalecer o Brasil. Ela está escutando os empresários.

Ela surpreendeu as expectativas ao introduzir uma nova forma do governo, diferente da que tivemos nos últimos oito anos.

A expectativa era que houvesse continuidade na forma como Lula administrava o País, mas o que se provou é que o foco do governo Dilma se voltou mais à gestão do País do que a questões políticas".

Finalizando, percebi e afirmo que tenho agora a grande impressão geral desse governo Dilma que é muito melhor do que eu esperava.

É um governo mais técnico e menos ideológico do que se poderia imaginar de um governo da mentalidade do PT.

Mas, o governo ainda não mostrou a que veio nas grandes questões da economia.

O governo está indo bem, mas faltam ousadia, metas claras e objetivos estabelecidos. Tudo o que sabemos vem por baixo dos panos, nos relatórios do BNDES ou do Ministério da Fazenda”.

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