Ao longo da história da humanidade a China vez por outra sobe o pódio como potência. Não é pra menos, a civilização chinesa é uma das mais antigas do mundo e a China tem dimensão continental, recursos naturais, climas variados e uma população de aproximadamente 1,34 bilhão de habitantes.
No século passado a China passou por um período conturbado até que a revolução comunista instalou em 1949 a República popular da China.
Enquanto a China seguiu a cartilha do comunismo sobreviveu com dificuldades internas como fome e miséria crônicos.
Em 1978, com a morte de Mao Tse-tung, Deng Xiaoping promoveu uma grande reforma na China transformando-a em economia mista, denominada socialismo de mercado.
Junto com as reformas econômicas foi implantada uma revolução no ensino com o objetivo de formar mão de obra especializada para alavancar o desenvolvimento e lançar a China na disputa pelo mercado internacional.
Atualmente a China é uma potencia nuclear e a segunda economia do mundo com um PIB de US$ 6,47 trilhão.
Com sua política de preços a China conquistou o mercado internacional e sem que ocidente se dê conta vai estrangular a economia global levando a uma crise de desfecho incerto.
É difícil prever este futuro, mas é certo que estamos diante de uma equação que não converge. Mais cedo ou mais tarde a crise virá.
O fato da China ter de alimentar 1,34 bilhão de indivíduos talvez seja um dos problemas mais graves. Se houver escassez de alimentos não há como evitar uma revolução e o caos. Para a China, segurança alimentar é questão de sobrevivência.
Tanto é verdade, que recentemente a China iniciou um programa de compra de terras no Brasil e na África para formar colônias agrícolas. A novidade é que na África usariam mão de obra de prisoneiros que trabalhariam literalmente por um prato de comida.
Na África a China já vinha impondo sua estrutura de trabalho semi escravo aos africanos, na exploração de recursos minerais.
Outro gargalo da China é a questão energética, pois o país não tem reservas de petróleo. Existe carvão mineral abundante, mas sua queima em termoelétricas é altamente poluente.
Para fechar um ciclo nefasto e baratear mais ainda a produção, a legislação ambiental na China praticamente inexiste.
O fato é que por razões diversas a China está alavancando sua indústria e seu desenvolvimento com base numa política altamente lesiva ao mundo.
Ao reduzir custos de produção sacrificando o meio ambiente e aviltando a mão de obra permitindo que trabalhadores trabalhem por pouco mais do que uma ração diária de alimentos, a China resolveu um problema interno, ganhou competitividade, mas desequilibra a economia global. Seus produtos se tornam muito baratos por concorrência desleal.
Onde quer que exista concorrência de produtos chineses, a indústria local quebra ou se rende e transfere-se para a China. A população global aplaude e consome cada vez mais. Nunca na história da humanidade ter e consumir foi tão barato.
Até este ponto não existe grande novidade.
A questão é que pelas razões descritas, aos poucos e em busca de competitividade ou aumento do lucro, a indústria ocidental está se transferindo voluntariamente para China. O ocidente está alimentando o dragão e parece não ter se dado conta.
A transferência de indústrias com todo seu ciclo produtivo e respectivas tecnologias para a China tem sido um caminho trilhado por grandes empresas e multinacionais.
Mas poucos se deram conta que estão matando a galinha dos ovos de ouro. A transferência do ciclo produtivo para a China tem diversas consequências lesivas aos países de origem.
A cada linha de produção que fecha num país e se muda para a China, pessoas ficam desempregadas numa ponta e mais chineses são empregados na outra.
Com isso as economias onde a produção se retrai entram num processo de estagnação. Se não há emprego, não há consumo e a economia não gira.
Mas existe uma questão mais grave. A transferência de linhas de produção fatalmente leva consigo tecnologia de ponta e conhecimento cujo desenvolvimento custou tempo de pesquisa e consumiu recursos, via de regra bancados por governos, universidades e pela própria indústria.
Aqueles que hoje desenvolvem pesquisa e depois instalam suas empresas na China estão doando conhecimento e alimentando o dragão. Estão poupando à China até do custo da espionagem industrial.
A China está se apropriando deste conhecimento sem pagar um único centavo e com este está se tornando uma economia cada vez mais forte a sufocar o mundo.
O capitalismo ocidental representado por empresários dirigentes de grande empresas e multinacionais, neste momento parece não perceber como a história vai terminar.
Governos obtusos tem tolerado a concorrência desleal da China e nada tem sido feito para impedir a evasão do conhecimento e de linhas de produção.
Não se pode esperar da massa popular global que nunca teve acesso ao consumo, que entenda as consequencias de comprar produtos chineses manufaturados a custo de dumping social e ambiental. Pedir a pobres que boicotem produtos chineses e deixem de consumir chega a ser desumano.
Cabe aos Estados soberanos zelar pelo futuro do bem estar social de seus cidadãos e em instância superior à Organização das Nações Unidas com seus diversos mecanismos, atuar com medidas mais severas, não permitindo que a China pratique concorrência tão desleal e lesiva ao mundo.
Cada produto vendido barato tem um custo adicional não repassado ao consumidor diretamente, que no futuro será cobrado com juros e correção. A conta será paga com sangue, suor, lágrimas e vidas, principalmente das populações mais pobres.
Quando todos acordarem do sonho de consumo e do lucro fácil, talvez seja tarde.
A China já é uma potência a deterior a sociedade global e acelerar a destruição do planeta.
O mundo precisa parar de consumir produtos chineses compulsivamente ou num futuro não muito distante, por questão de sobrevivência, todos terão que se igualar às condições de produção da China o que representaria um gigantesco retrocesso no conforto e bem estar social já conquistados.


Excelente artigo. É isto mesmo. O ocidente entregou de graça toda a tecnologia e conhecimento desenvolvido ao longo de 200 anos em troca de salários mais baixos e preço final dos produtos mais competitivos por um curto espaço de tempo. A mentalidade das empresas foi muito imediatista, apenas visando o lucro maior a curto prazo. Só que no final esta conta terá um preço alto. Depois da fase da transferência da tecnologia a custo zero, agora vamos entrar na fase do aumento dos preços dos produtos chineses, inevitavel em um pais onde as pessoas começam a ter melhores salários.
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