quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Economia: Entenda o que nosso ex-presidente Lula quis dizer como o grande carrossel brasileiro.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser considerado o grande responsável pela “roda-gigante” da economia brasileira estar girando mais rápido nos últimos anos, sobretudo, fazendo com que mais trabalhadores tomem seus assentos e participem do mercado de trabalho e de consumo.

Essa alusão à roda-gigante é emblemática. Em setembro de 2008, no início da crise econômica mundial que assolou a maior economia do planeta, o presidente Lula comparou nossa economia a uma roda-gigante que não pode parar de girar. Nas palavras do agora ex-presidente: “Tudo isso para fazer girar a economia, como se nós estivéssemos em uma roda-gigante. E nós não queremos que a roda-gigante pare. Nós queremos que as pessoas continuem girando, que a renda continue crescendo, fomentando o crédito, a expansão industrial”.

Pois bem, nosso Produto Interno Bruto (PIB) está em R$ 3,1 trilhões. Com isso nos posicionamos entre as dez maiores economias do mundo e, pelos ajustes macroeconômicos alcançados nos últimos 15 anos, com estabilidade monetária e crescimento econômico capaz de absorver partes consideráveis da mão de obra qualificada, fomos o último país a entrar na crise econômica internacional de 2008 e o primeiro a sair dela, quase que incólumes.

No apagar das luzes de 2010, encerrou-se o ciclo da chamada Era Lula. O PIB brasileiro pelas projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI) deverá crescer 7,5% - um patamar nada desprezível se lembrarmos das pífias taxas de crescimento econômico registradas nas três últimas décadas, contadas a partir da “Década Perdida” que marcou a estagnação dos anos oitenta do século XX.

Nos oito anos de governo Lula, o PIB brasileiro cresceu em média 4,0% ao ano. Esse resultado é inferior ao de Rússia (4,8%), Índia (8,2%) e China (10,9%); países emergentes que ao lado do Brasil formam o acrônimo BRIC.

Contudo, podemos afirmar que o Brasil, nos dias de hoje, passa por um momento histórico melhor. É inevitável, pois, nesse sentido, a comparação com décadas anteriores, embora saibamos que os momentos sejam diversos; cada qual com suas idiossincrasias, com suas políticas do momento.

Entretanto, quando se põe a “lupa da observação” nos dados concernentes ao combate da pobreza, temos claro que o País logrou êxito. Nesse pormenor, foram 27 milhões de brasileiros que “subiram”, com o perdão da redundância, para o andar de cima, de 2000 a 2010, melhorando de vida e alcançando alguma colocação no mercado de trabalho.

Os números a esse respeito não deixam margem de dúvidas. No início dessa década do século XXI, o Brasil contava entre pobres e miseráveis com 57 milhões de pessoas nessas pífias condições. Ao término de 2010, o último levantamento feito pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) aponta a ainda incômoda existência de 30 milhões de brasileiros entre pobres e miseráveis, tomando por base, para esse cálculo, os critérios utilizados no país para medir o ganho per capita de R$ 140/mês (Linha de Pobreza) e R$ 70/mês (Linha de Indigência). Logo, 27 milhões de brasileiros deixaram essas incômodas linhas, o que representa, em média, 2,7 milhões de pessoas “melhorando” de vida a cada ano.

Ao todo, o Programa Bolsa Família, espécie de “cartão de visita social” do governo Lula, talvez sua marca mais emblemática, beneficiou 12,8 milhões de famílias (40 milhões de pessoas), com recursos federais da ordem de R$ 13,4 bilhões. A pobreza extrema no Brasil, pelos critérios adotados metodologicamente e citados acima, caiu de 12%, em 2003, para 4,8%, em 2008. A julgar o discurso de posse da presidenta Dilma Rousseff, esse será também seu grande desafio, uma vez que as palavras da atual governante apontam para a busca da erradicação da fome até 2014.

Ademais, isso nos permite olhar para o futuro e deixarmos no ar algumas indagações. É possível aumentar ainda mais o PIB e na esteira desse crescimento econômico transformar essa “variável” em desenvolvimento, erradicando a fome, criando empregos e distribuindo renda? É possível que na essência dessas políticas públicas, em especial a econômica, haja melhora substancial no indicador conhecido como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)?

Para encontrarem-se essas respostas, é mister, antes, o entendimento do que vem acontecendo no Brasil de hoje, tomando-se principalmente o espectro da economia como caminho de análise.

Nessa seara, num passado não muito distante, brigamos por várias décadas contra o “monstro” da inflação alta – situação que “corroía” o poder de compra de milhões de assalariados. Essa “briga” nos custou a elaboração de diversificados planos econômicos. Todavia, a inflação foi finalmente vencida com a chegada do Plano Real, em meados de 1994. A inflação foi controlada, o ajuste macroeconômico foi feito e o Brasil, finalmente, recomeçou a andar com a cabeça erguida.

Contudo, como não é somente a economia que responde afirmativamente pela posição de destaque de qualquer nação, a educação – condição de formação dos novos quadros dirigentes de um país -, andou e ainda continua andando mal das pernas, comprometendo assim, sobremaneira, a capacidade de fazer o país continuar avançando.

Em relação a isso, perdemos e estamos perdendo muito no que tange ao processo educacional, entendido aqui como a capacidade de organizar a mão de obra sob as bases de um melhor ensino-aprendizagem, com incentivo à pesquisa científica e analítica com capacidade de fomentar a ciência e a tecnologia num País ainda muito carente de boa formação.

Essa questão, em nosso entendimento, se põe como crucial para a compreensão da atual situação de um país que conta, ao longo da história, com poucos anos de estudo em média; na atualidade, são parcos 7,2 anos em média de estudos para cada brasileiro. Afora isso, tem-se como enorme obstáculo a necessidade de superar-se a indecente marca do analfabetismo que “fere”, mortalmente, quase 11% da população.

Dessa forma, se de um lado o governo Lula soube administrar eficazmente o comportamento macroeconômico, incluindo nesse rol à administração das metas de inflação, do regime de câmbio flexível e das metas de superávit fiscal primário, do outro pecou sensivelmente em não superar o atraso educacional pondo fim a chaga social mais nefasta: o analfabetismo brasileiro.

Desejamos enfatizar, nesse pormenor, que o governo Lula tão somente continuou a política econômica adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, melhorando-a em alguns aspectos, sobretudo, a ponto de pagar as dívidas externas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Clube de Paris, registrando ainda a menor taxa de desemprego desde 2002.

Mas, como pontuamos acima, o País não avançou no combate ao analfabetismo nesses últimos oito anos: nesse começo de 2011, infelizmente, os números mostram a existência de mais de 14 milhões de brasileiros analfabetos.


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